Hoje estréio a sessão "Opinião" do blog com um texto preparado pelo meu amigo Pedro Schumann.
Pedro Henrique Schumann Lima é Biomédico formado pela UNIRIO e mestrando em Oncologia pelo INCA.
ESTRADA
DA LIBERDADE
“Esse
artigo é fruto de intensa experimentação vivida durante e pós-filme ‘On The Road’ (ver. bras. ‘Na Estrada’),
dirigido por Walter Salles.
A
ambiência dos fins da década de 40 e início de 50 é o ponto de partida para a
trama envolvente deste reflexivo e prazeroso (no sentido hedonista da palavra)
filme, orquestrado com grande maestria por nosso diretor de abrangência
internacional.
As
estradas desbravadas pelos protagonistas não revelam apenas as belas paisagens
dos EUA na metade do século passado, desnudam também os sentimentos de
constante liberdade e conflito que acompanham a trajetória destes personagens ao
longo da narrativa. Como simples espectador, essas sensações nascem e morrem em
mim de maneira tão fugaz quanto à intensidade das experiências vivenciadas
pelos jovens deste drama. O intenso desejo de usufruir de forma pueril e
coloquial das situações que se desenrolam durante essa “longa estrada”
percorrida por estes amantes do hedonismo é embalado pela onda neurótico-psicodélica
propiciada pelo consumo cotidiano de altas doses de álcool e drogas, embora
esse uso seja feito quase que de maneira inocente frente ao contexto daquela
época.
Sinto-me engolido pela atmosfera libertina e ilícita que se apresenta frente aos meus olhos e chego a acreditar que participo dessa jornada de maneira irrestrita. Sou acometido por um enjoo súbito e fico com a plena certeza de que essa sensação nauseabunda é resultado do cheiro de “marijuana” que impregna toda a sala de cinema. Percebo ser ao mesmo tempo afrontado e atraído por aquele universo de lascívia e complacência e tenho a certeza por diversas vezes que sinto saudades de uma época não muito remota, porém, bastante familiar onde desejaria estar.
Sinto-me engolido pela atmosfera libertina e ilícita que se apresenta frente aos meus olhos e chego a acreditar que participo dessa jornada de maneira irrestrita. Sou acometido por um enjoo súbito e fico com a plena certeza de que essa sensação nauseabunda é resultado do cheiro de “marijuana” que impregna toda a sala de cinema. Percebo ser ao mesmo tempo afrontado e atraído por aquele universo de lascívia e complacência e tenho a certeza por diversas vezes que sinto saudades de uma época não muito remota, porém, bastante familiar onde desejaria estar.
Saio
do cinema numa espécie de êxtase lacônico; porém, percebo pensativo, que aquela
sensação de náusea não passara em breve... Caminho até a saída do cinema
acompanhando um grande amigo. Passamos certo tempo calados, até que a explosão
de seu comentário atinge em cheio meus tímpanos insensíveis a qualquer
manifestação sonora externa, ele diz: “ sinto uma espécie de enjoo, uma certa
sensação de ansiedade... achei o filme impactante”. Olho em sua direção um
pouco perplexo, percebendo que a grandeza do filme não está em seus
personagens, suas paisagens e muito menos em seu ambiente de luxúria e
psicodelia, mas sim, em sua capacidade de suscitar um sentimento de liberdade
aprisionado em cada ser humano, certa vontade de se libertar das amarras
sociais e, quem sabe, sair por aí, andando sem rumo, apenas com o simples
refrão na cabeça: ‘Cross the Lousiana,
Cross the New Orleans’.”
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